27 setembro 2010

Homenagem a José João Zoio

Meu Caro Zé João,
Estivémos juntos na Casa do Bosque em Galamares três ou quatro dias antes de partires. Recordo-me que falámos da corrida de 2 de Setembro no Campo Pequeno e do entusiasmo com que estavas. Mas Deus quis que não pudesses assistir a esse grande espectáculo na praça e se calhar viste-o lá do alto na companhia dos anjos teus protectores. Quero dizer-te que deixaste grandes amigos nesta terra e muitos simpatizantes que não se esquecem das tardes e noites de glória, quando nos punhas com o coração na boca nos impossíveis câmbios junto às tábuas, porque esses ousados actos de Arte marcaram a nossa geração. Depois de ti ninguém ousou superar-te nessas inesquecíveis sortes. Lindo foi o espectáculo da tua alternativa, quando teu padrinho senhor João Branco Núncio, que decerto já aí encontraste, completava 50 Anos de toureio profissional. Nunca mais assisti a uma cerimónia tão bonita! Nem os verdadeiros aficionados esquecem! Sonhaste, lidaste, triunfaste, aparentemente faleceste e ficaste na História da Tauromaquia por mérito próprio!
Nesta homenagem que quatro homens dos toiros promoveram, Vasco Lucas, Cachapim, Carlos Amorim e João Pedro Bolota, com a mizade e dedicação, a que aderiram reais clubes, grupos Tauromáquicos, o senhor Secretário de Estado da Cultura Dr. Elísio Summavielle, que tem sido um exemplo de amor à Festa e tantas pessoas que te querem bem, só faltou algum público ingrato que tem a memória curta e vive com pouco sentimento as efemérides taurinas, porque acha que já deu tudo e o homenageado nada tinha a receber. É típico, é nacional, fruto de deseducações que pouco a pouco se vão impondo, fazendo assim a jogatana dos vinte vegetarianos que à 5ª feira à noite berram à frente do Campo Pequeno, clamando por seus pais! Mas por outro lado, uma dúzia e meia de cavaleiros, o Alvarito Domecq, o Zé Lupi, o Zé Cortes, o Frederico, o Manuel Jorge, o Emídio e tantos outros, vieram montados para te darem um abraço, acompanhados de gerações mais novas como o Bastinhas ou o Rui, com as respectivas proles que nunca te viram toirear, mas que ouvem maravilhas sobre os ferros que cravaste, a arte e o perfume que espalhaste nas arenas das praças e da vida, que albergam na sua intimidade o que de bom deste à Festa Brava, como se de um tesoiro egípcio se tratasse. Tiveste no Montijo grandes amigos e a tua família querida. O Eng.º Ruy Gonçalves presenteou-te com um curro de elevados peso e apresentação que fez a vida negra aos forcados de Santarém, Lisboa e Alcochete. Todos os cavaleiros deram o seu melhor nas lides, mas os Telles, António e seu sobrinho Manuel, os Salgueiros, pai e filho, e dois ferros soberbos de Rui Salvador, puseram a festa em alto nível. Os moços de forcado levaram porrada, de um modo geral, alguma da grossa, mas sofreram por ti, pela tua memória, pelo teu exemplo e pelo respeito que tu mereces. Por Santarém pegaram Luís Sepúlveda, sempre perfeito e um dez réis de gente de nome António Imaginário, pequeno gigante que foi à cara do toiro cinco vezes e depois deu volta à praça por exigência do público, pelo sacrifício demonstrado. Lisboa pegou através do Cabo Pedro Maria Gomes, proibido pelos médicos de entrar em tais façanhas, mas não regateou a pega em teu louvor. Seguiu-o o irmão Gonçalo, já retirado mas muito aficionado às artes, que te conheceu e quis dar-te o que de melhor tem. Um toirão de força bruta fê-lo ir de maca, o que cheirou a tragédia. Ao jantar no amigo Enguias já se ria com as dores como se nada de anormal tivesse sucedido, mas ser forcado é isso mesmo. Já dizia Pessoa que se queres passar o Bojador tens de passar além da dor e ser forcado é isso mesmo. Pelos Amadores de Alcochete tiveste uma pega do Luís Saramago, que sofreu dois enormes derrotes, como sabes, e consumou o abraço, e Hugo Silva, que fez um pegão na tua tarde inesquecível. Todos te brindaram e aos teus familiares, olhando para o céu para falarem contigo, sabendo que estás bem e que se pudesses fisicamente envolverias todos os participantes na tua festa num muito longo abraço que começou no Montijo e se estendeu por galáxias sem fim até chegar a Deus, ou seja, ao lugar que justamente junto d`Ele ocupas por mérito próprio com o teu sorriso de simpatia.
Teu amigo de Colares que nunca te vai esquecer e até um dia Zé João!
António Manuel Moraes
Nota - O Gonçalo a seguir ao jantar dirigiu-se ao hospital dos Lusíadas onde foi sujeito a um raio x e foi-lhe diagnosticada uma fractura do rádio, saiu engessado.

21 setembro 2010

Grande vitória da festa brava em Monchique

Realizou-se no dia 12, a primeira corrida da Feira do Presunto em Monchique, que era também a primeira a realizar-se nesta magnifica terra, no coração da serra algarvia.

O cartel era composto pelos cavaleiros Joaquim Bastinhas, Tito Semedo e Marcos Tenório Bastinhas, os forcados eram os Amadores de Lisboa e Cascais, que se enfrentaram com toiros Varela Crujo.

Esta corrida resultou num grande êxito a nível de publico que esgotou a praça, assim como artístico, com os toiros apresentados dignamente e a serem bravos no geral, os cavaleiros souberam tirar partido disso e a tarde foi de boa nota para todos.
No que toca ao GFAL, o primeiro da ordem foi destinado ao Miguel Nunes que foi andando com um cite bonito até entrar nos seus terrenos para o carregar, pois este era tardo a sair, acabando por não se sacar ao toiro o suficiente e ter uma reunião um pouco violenta que não o deixou concretizar a pega. Na segunda já consentiu mais o toiro e com uma boa primeira ajuda do Armando, a pega resultou bem.
O segundo foi pegado pelo César Gonçalves que na primeira esteve correcto a citar mas no momento da reunião não abriu as pernas e acabou por se empranchar, saindo em seguida. Na segunda tentativa fez a mesma coisa mas com a entrada oportuna do Lebre ficou no toiro que empurrou o restante grupo.
Para o último o cabo escolheu o João Ricardo, que esteve à altura do oponente. O toiro saiu com pata, mas o forcado recuou bem e recebeu na perfeição, agarrou-se com alma e com o grupo a ajudar bem como fez em toda a corrida a pega concretizou-se com alguma facilidade.

Mais uma vez a rapaziada nova foi posta à prova pelo cabo e tiveram à altura, com algumas coisas para melhorar claro, mas assumindo sempre a responsabilidade que o Pedro Maria deposita em vocês.
Continuamos com um grande jantar num magnífico sitio e em que a boa disposição e o ambiente do grupo estava espectacular.
Vamos continuar a dar estes momentos a todos quantos acompanham como foi o caso desta vez do Feliciano Raposo, para que os Amadores de Lisboa sejam sempre “ o nosso grande amor”.
Luís Segão

08 setembro 2010

EM MONTEMOR-O-VELHO TRIUNFOU ...O MIKAS!

Mais uma vez fomos convidados para participar na corrida anual por ocasião das festas de Montemor-o-velho. É sempre uma sensação forte avistar o Castelo emoldurado pelos campos do Mondego visão que dá alma a qualquer Guerreiro!

Anunciava-se para esta tarde um curro de novilhos-toiros do Exmo. Sr. Higino Soveral ganaderia com antiguidade de 1992 e encaste Parladé. Os toiros estavam relativamente pequenos e o Cabo aproveitou para dar oportunidades logo na fardação, remetendo alguns elementos mais experientes para a bancada. Arriscando, pois com estas ganaderias encastadas dos campos do Mondego nunca se sabe. E em boa hora o fez pois os mais novos corresponderam e mostraram confiança e vontade!

Para o primeiro toiro da tarde que acusava alguma falta de força nos membros anteriores foi escolhido um forcado de dinastia: João R. Mendes Pereira.

Não acusando a responsabilidade o João Ricardo mostrava-se à vontade antes do toque para a pega (tem um bocadinho daquela loucura saudável de família). Brindou o toiro ao Presidente da Câmara de Montemor e colocou-se a mais de meia praça. Citou com tranquilidade e o toiro arrancou-se de largo. Aguentou muito (deveria ter alegrado um pouco mais o toiro) mas sacou-se com tecnica ainda que a reunião não tenha sido perfeita trancou-se com as ganas que lhe conhecemos e bem ajudado consumou sem problemas.

Para o nosso segundo toiro que tinha acentuados problemas de visão o nosso Cabo escolheu o forcado Rui Caiado que embora já tivesse alguns toiros pegados, faltava-lhe um salto qualitativo. Devido aos referidos problemas era um toiro que pedia um forcado tecnicista que o trouxesse toureado à voz. O Rui andou para o toiro tentando que este o visse e no momento da arrancada começou um momento alto da corrida. O Rui templou o toiro e aguentou o ensarilhar até ao limite, fechando-se no momento certo com o grupo a ajudar de forma eficaz. Pega plena de técnica que encheu o olho aos verdadeiros aficionados.

Para fechar a actuação do G.F.A.L. foi chamado o forcado Miguel Nunes. Andou para o toiro sem a confiança que já lhe vimos noutras ocasiões, quis endireitar o toiro quando este não necessitava e o mesmo acabou por sair solto, apesar disso recuou e teve uma reunião perfeita fechando-se bem com o toiro que inverteu o sentido da investida acabando o grupo por ter de subir para consumar a pega que resultou de belo efeito.

Alternámos nesta corrida com os Amadores de Vila Franca que consumaram também as suas pegas ao primeiro intento.

Mas no que ao G.F.A.L. diz respeito (porque somos uma família... os que se fardam e os que não se fardam) o triunfador da corrida foi o nosso querido Mikas! Decorria o final da lide do 5º Toiro quando no auge da sua actuação Sónia Matias se prepara para cravar um violino... Pára a montada junto aos elementos do GFAL e ergue a o ferro em direcção à barreira proferindo as palavras: "Mikas esta bandarilha é por si... um beijinho"- o nosso Mikas nem queria acreditar emocionou-se e em pé na barreira agradeceu e aplaudiu a sua cavaleira preferida de sorriso de orelha a orelha!

No final dirigiu-se à porta dos cavalos onde teve oportunidade de agradecer a simpática dedicatória da amazona.

Terminámos o dia em beleza com um belo jantar nas tasquinhas da feira e com direito a um concerto do Tony Carreira.

Mais uma vez fomos recebidos de forma superior pela comissão de festas à qual agradecemos a amizade e a simpatia com que sempre nos tratam, levando já os Amadores de Lisboa a considerarem Montemor o Velho como um sitio muito especial para o Grupo!

Aguardamos ansiosos pela próxima corrida já este fim de semana em Monchique... Acho que tenho lá família... he he he.

Um abraço a todos Pirelli!

João Vasco Lucas