70 Anos de
história estiveram na praça da nossa terra, o Campo Pequeno.
Para
todos os elementos esta corrida começou muito tempo antes. Havia que honrar a
nossa jaqueta e todos aqueles que já não se encontram entre nós, afinal, não é
todos os dias que se comemoram 70 anos ininterruptos.
A fardação foi no hotel Zurique onde se juntaram familiares
e amigos do GFAL, onde se matou saudades e se reviveu tardes/noites imortais. Foi
com grande satisfação que todos vivemos e tivemos o privilégio de nos fardar,
ao lado de cerca de 80 forcados, a maioria deles nossos ídolos, homens que
sempre ouvimos falar dos grandes feitos e das histórias que nos cativam como
crianças a ouvir os pais...
O desafio
proposto era de responsabilidade por todas as condicionantes mas também pelo
bonito e imponente curro apresentado pelo Ganadero Canas de Vigoroux. Saíram 7
toiros à praça (1 deles ficou inutilizado) que no seu cômputo geral cumpriram,
com uma nota bastante positiva para o quinto da ordem. A corrida foi toureada
pelas Cavaleiras, Sónia Matias e Ana Batista e pelos Cavaleiros Gilberto Filipe
e Filipe Gonçalves.
Falemos
agora das pegas:
Para o
1º toiro o cabo decidiu abrir praça. O toiro era o maior da corrida, mas
aparentemente não apresentava grandes dificuldades, tirando a natural dureza
que esta ganadaria impõe nas pegas empregando-se até ao fim. Num misto de
actuais e retirados, os 8 escolhidos perfilaram-se para o brinde a todo o Grupo
fardado e à memoria do nosso mestre Nuno Salvação Barreto. O PP caminhou calmo e com toureria, provocando-lhe a investida no
momento certo, reuniu com violência o que o levou o forcado não acoplar-se e a
ser projectado para cima, quando baixou, o 1ª ajuda Luís Segão estava meio
metro à frente e o PP caiu-lhe nas costas. À segunda, o toiro no momento da
reunião "faz um estranho" e deixa o PP inanimado na arena. Viveram-se
momentos de tensão onde sobressaiu o espírito de entreajuda para proteger o
nosso cabo. Para dobrar o PP foi o seu irmão Gonçalo, que numa pega para
resolver, o Grupo não facilitou acabando por consumar num total de 3 tentativas.
Para o
2º da corrida foi escalado o forcado João Luz, que este ano estará a ter a sua
prova de fogo no GFAL, tem andado bem e mostrado muito qualidade ao longo desta
temporada. O que se passou também nesta pega, que só não foi concretizada à 1ª
por hesitação dos ajudas. Na segunda esteve igualmente bem concretizando com
valentia, com o forcado Mota Ferreira a sair lesionado.
O 3º da
ordem foi entregue ao Pedro Gil que tem ganho o seu lugar de destaque graças às
grandes pegas que tem efectuado. Pegou com eficácia à primeira com uma boa
ajuda do Nunes e do todo o Grupo a fechar.
Se no 1º
se viveram momentos de tensão no 4º viram se momentos de emoção. O nosso Pedro
Miranda despediu-se das arenas com um pegão! Levantou as bancadas e o público
retribui-lhe com um forte e largo aplauso como que agradecendo tudo o que o
Pedro deu ao GFAL ao longo destes anos de forcado. O Pedro era o forcado do
toiro feio, do gordo, do mau, foi também um forcado que bebeu muito dos
ensinamentos do GFAL, pois ao longo dos anos foi se moldando à imagem do Grupo
pegando sempre cada vez melhor, com mais arte e saber. Foi também um forcado
que fora de praça não podia ter dado mais ao Grupo pela sua disponibilidade a
arranjar treinos, trazer forcados e dedicar muito amor ao GFAL... Por isto tudo e
muito mais, muitos Parabéns Pedro, tu mereceste esta noite!
Para o
5º fui escolhido eu. Brindei à Marina Salvação Barreto em memória do seu pai,
nosso Mestre Nuno Salvação Barreto, monstro dos Forcados, que tanto foi
recordado nessa noite. Provavelmente se tivesse "mais pegado" e em
forma física teria feito menos tentativas, acabei por pegar à 3ª... Resta-me
agradecer ao Grupo pela oportunidade de pegar em tão importante corrida.
Para
fechar a corrida o 6º toiro foi pegado à 1ª pelo Daniel Batalha, o Daniel está
em forma e em crescente maturação no que concerne à arte de pegar toiros. Não
tenho dúvida que se assim continuar vai ser um forcado que irá dar que falar.
Pegou com aparente facilidade, que os grandes forcados fazem transparecer para
o público nos toiros que nos secam a boca. Não podia deixar de referir a
excelente 1ª ajuda, plena de técnica do Armando Nunes.
Gostaria
também de agradecer à Cavaleira Ana Batista pelo brinde ao Grupo, e de lamentar
que numa corrida em que o cabeça de cartaz comemora 70 anos os restantes
cavaleiros não terem a mesma amabilidade.
Uma
palavra a todos os ajudas que não referi, foram todos igualmente fundamentais
para o sucesso da corrida. Palavra também para os forcados retirados que após a
lesão do nosso cabo mostraram a sua disponibilidade em ajudar o Grupo passando
assim uma motivação extra para todos os actuais.
Devido
ao infortúnio do PP quem comandou o Grupo foi o antigo Cabo José Luís Gomes,
que por nunca ter deixado de acompanhar o GFAL conhece todos os elementos e as
suas capacidades para comandar nesta corrida de extrema importância.
Como uma
crónica é a opinião de quem a escreve, opinião essa que já dei ao PP
pessoalmente, irei expressar aqui a mesma. Julgo que devemos aprender com os
nossos actos, e eu nesta corrida aprendi que um cabo não deve pegar o 1º toiro
da corrida (6 toiros) para que não suceda o que se passou nesta noite. Não
aparentando o Grupo ressentiu-se e o cabo não acompanhou e desfrutou como
deveria. Contudo, sei que sempre foi tradição e o cabo deve comandar também
pelo exemplo pegando o 1º toiro...
Seguiu-se um óptimo repasto no
estádio de Pina Manique até ao raiar do sol, onde a meio do jantar fomos
surpreendidos pela agradável surpresa do regresso do nosso cabo que saíra do
Hospital.
Que o
GFAL comemore mais 70 com tantos ou mais sucessos como os obtidos até
aqui...
Forte abraço,
Francisco
Mendonça Mira