10 junho 2013

Toiros de verdade para Forcados de verdade.


Começo por pedir desculpa a todos, pelo atraso na publicação desta crónica, mas no final irão poder constatar que faz o seu sentido que seja publicada no dia de hoje.

Portalegre, dia 01 de Junho pelas 22 horas, cartel rematado pela Empresa "Toiros+", composto pelos Cavaleiros, Luís Rouxinol, Marcos Bastinhas e o recém "doutorado" João Maria Branco. Forcados Amadores de Lisboa e Portalegre e os Toiros da prestigiada ganaderia Espanhola, Guardiola.

Passados 18 anos, voltámos a ser convidados para uma corrida em Portalegre, e como se isso, só por si, não fosse bastante, iríamos ter por diante um curro de Toiros que impunha respeito. Como estratégia de promoção por parte da Empresa, a "imagem" dos "Toiros de Verdade para Toureiros de Verdade", não deixava de estar presente...

Pelo simpático convite do antigo forcado do grupo de Montemor, Manuel Mata, a fardação e a ceia, fez-se em sua casa na Vila Porto da Espada a 15 km de Portalegre. Um grande Olé para o Manuel e para toda a sua família, pela forma extraordinária como nos receberam!

Os Toiros Guardiola... Estavam irrepreensíveis de apresentação e, embora não me tenham parecido bravos na verdadeira acepção desse significado, todos deram boa lide. Para os forcados, vinham com codícia e muito embora tenham apresentado sempre uma investida franca quando chegavam à pega, vinham pelo seu caminho, mas como se diz na gíria, "arrancavam para comer" e com violência.



Para o nosso primeiro toiro, com 565 kg lidado pelo Cavaleiro Luís Rouxinol, o escolhido foi o Manuel Guerreiro. Brindou aos recém empresários, Lúcia Loureiro e Henrique Gil.  

Quanto a mim, era o toiro que mais destoava dos seus irmãos. Na investida partilhava das características dos restantes, mas na altura da reunião, humilhava demais e fazia o resto da viagem a tentar despachar com a cara em baixo. O Manuel esteve enorme nas duas tentativas, mas na primeira, o toiro despachou-o, antes sequer da 1 ajuda conseguir entrar. Na segunda, com o grupo mais avisado, concretizou-se uma boa pega com a entrega de todos!





Para o nosso segundo, com 540 kg lidado pelo Cavaleiro João Maria Branco a escolha recaiu no Pedro Miranda. Após brinde ao Manuel Mata e à sua Família,  secundado pela experiência, o Pedro andou com muita calma,  mandou em todos os tempos da sorte e aguentou uma viagem com poder a meia altura muito bem ajudado pelo grupo!




Para fechar a nossa corrida, a um Toiro com 540 kg lidado pelo aniversariante Marcos Bastinhas, para a cara, foi chamado o Daniel Batalha. 

Após brinde à praça, o Daniel esteve toureiro no cite, com calma e a dominar os tempos. Provocou-lhe a investida e fez uma reunião perfeita, mas este era dos que vinha a "apitar" e, apesar de o Daniel ter aguentado 2 derrotes violentíssimos perfeitamente acoplado à cara (estava aqui a pega da noite), não foi capaz de aguentar o terceiro derrote com que o toiro o "despachou" para o chão deixando-o inanimado. 

Momentos de tensão, mas eis que surge o inevitável João Vasco Lucas (meu velho, estás cada vez mais como o vinho do Porto…)  a dizer presente para a dobra. O João foi mais em curto e com o grupo a ajudar muito bem, mas nem isso impediu que o toiro se deixasse de empregar como se da primeira tentativa se tratasse, grande pega!





Já tive oportunidade de o referir publicamente, mas houve ainda outro momento que tocou a todos na praça de uma forma especial e a mim, particularmente, deixou-me bastante orgulhoso. 
No segundo toiro do grupo de Portalegre, um toiro bruto que vinha a despachar tudo e todos, o forcado da cara estava a aguentar estoicamente, mas os ajudas não conseguiam entrar e ficar. 
Num acto espontâneo, pouco ou nada visto, vimos o João Pedro Mota Ferreira - num acto revelador de toda a sua afición - saltar as tábuas para ajudar desinteressadamente (como deve ser um forcado amador) a concretizar aquela pega. No final grande ovação para o forcado da cara e para o Mota Ferreira que foi, justamente, convidado para dar a volta. 





Para terminar e para que percebam o sentido da publicação desta crónica no dia 10 de Junho, dia de Portugal, deixo-vos com um excerto adaptado de um texto que tive de escrever para outras "lides" e que só por si, já ajudava a perceber o que se passou nesta corrida:

TOCA P’RÁ UNHA

Jaqueta apertada, barrete verde e a cinta escarlate da cor do sangue e do vinho. É a galhardia a firmar o passo decidido no redondel, mão na cintura alegrando o cite: Eh Toiro!
Brava forcadagem, que faz jus a esse sangue luso, que nos enche o peito. Num misto de respeito e coragem, é ele, o moço do forcado quem vai ao toiro. 
Único e espectacular, de incontestável verdade, é este país em praça, este país em raça, frente ao Toiro na arena.
Pedro Maria Gomes, João Vasco Lucas, Pedro Miranda, Pedro Gil, Pedro Nunes, Gonçalo Patricio, Armando Nunes, Manuel Guerreiro, João Galamba, João Pedro Mota Ferreira,  Pedro Parrulas, Ricardo Lebre, Fernando Santos Costa, Manuel Correia, João Luz, Daniel Batalha, Miguel Nunes e Rúben Ramos, alguns nomes que rasgaram praças em aclamação. Gentes nossas que deram nome e honra à jaqueta que os abraçou. Amadores de sempre, aficcionados de alma como raros.

Muito de vós é Portugal, o vosso Portugal, que orgulham quando toca p’rá unha.




Nota de Redacção: Fotografias gentilmente cedidas pelo amigo Hugo Teixeira do Diário Taurino

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