Começo por pedir desculpa a todos, pelo atraso na publicação desta crónica, mas no final irão poder constatar que faz o seu sentido que seja publicada no dia de hoje.
Portalegre, dia 01 de
Junho pelas 22 horas, cartel rematado pela Empresa "Toiros+",
composto pelos Cavaleiros, Luís Rouxinol, Marcos Bastinhas e o recém "doutorado"
João Maria Branco. Forcados Amadores de Lisboa e Portalegre e os Toiros da
prestigiada ganaderia Espanhola, Guardiola.
Passados 18 anos,
voltámos a ser convidados para uma corrida em Portalegre, e como se isso, só
por si, não fosse bastante, iríamos ter por diante um curro de Toiros que
impunha respeito. Como estratégia de promoção por parte da Empresa, a
"imagem" dos "Toiros de Verdade para Toureiros de Verdade",
não deixava de estar presente...
Pelo simpático convite do
antigo forcado do grupo de Montemor, Manuel Mata, a fardação e a ceia, fez-se
em sua casa na Vila Porto da Espada a 15 km de Portalegre. Um grande Olé para o
Manuel e para toda a sua família, pela forma extraordinária como nos receberam!
Os Toiros Guardiola...
Estavam irrepreensíveis de apresentação e, embora não me tenham parecido bravos
na verdadeira acepção desse significado, todos deram boa lide. Para os
forcados, vinham com codícia e muito embora tenham apresentado sempre uma investida
franca quando chegavam à pega, vinham pelo seu caminho, mas como se diz na
gíria, "arrancavam para comer" e com violência.
Para o nosso primeiro
toiro, com 565 kg lidado pelo Cavaleiro Luís Rouxinol, o escolhido foi o Manuel
Guerreiro. Brindou aos recém empresários, Lúcia Loureiro e Henrique Gil.
Quanto a mim, era o toiro que mais destoava dos seus irmãos. Na investida
partilhava das características dos restantes, mas na altura da reunião,
humilhava demais e fazia o resto da viagem a tentar despachar com a cara em
baixo. O Manuel esteve enorme nas duas tentativas, mas na primeira, o toiro
despachou-o, antes sequer da 1 ajuda conseguir entrar. Na segunda, com o grupo
mais avisado, concretizou-se uma boa pega com a entrega de todos!
Para o nosso segundo, com
540 kg lidado pelo Cavaleiro João Maria Branco a escolha recaiu no Pedro
Miranda. Após brinde ao Manuel Mata e à sua Família, secundado pela
experiência, o Pedro andou com muita calma, mandou em todos os tempos da
sorte e aguentou uma viagem com poder a meia altura muito bem ajudado pelo
grupo!
Para fechar a nossa
corrida, a um Toiro com 540 kg lidado pelo aniversariante Marcos Bastinhas,
para a cara, foi chamado o Daniel Batalha.
Após brinde à praça, o
Daniel esteve toureiro no cite, com calma e a dominar os tempos. Provocou-lhe a
investida e fez uma reunião perfeita, mas este era dos que vinha a
"apitar" e, apesar de o Daniel ter aguentado 2 derrotes
violentíssimos perfeitamente acoplado à cara (estava aqui a pega da noite),
não foi capaz de aguentar o terceiro derrote com que o toiro o
"despachou" para o chão deixando-o inanimado.
Momentos de tensão, mas
eis que surge o inevitável João Vasco Lucas (meu velho, estás cada vez mais como
o vinho do Porto…) a dizer presente para a dobra. O João foi mais em
curto e com o grupo a ajudar muito bem, mas nem isso impediu que o toiro se deixasse
de empregar como se da primeira tentativa se tratasse, grande pega!
Já tive oportunidade de o
referir publicamente, mas houve ainda outro momento que tocou a todos na praça
de uma forma especial e a mim, particularmente, deixou-me bastante orgulhoso.
No segundo toiro do grupo de Portalegre, um toiro bruto que vinha a despachar
tudo e todos, o forcado da cara estava a aguentar estoicamente, mas os ajudas
não conseguiam entrar e ficar.
Num acto espontâneo, pouco ou nada visto, vimos
o João Pedro Mota Ferreira - num acto revelador de toda a sua afición - saltar
as tábuas para ajudar desinteressadamente (como deve ser um forcado amador) a
concretizar aquela pega. No final grande ovação para o forcado da cara e para o
Mota Ferreira que foi, justamente, convidado para dar a volta.
Para terminar e para que
percebam o sentido da publicação desta crónica no dia 10 de Junho, dia de Portugal,
deixo-vos com um excerto adaptado de um texto que tive de escrever para outras
"lides" e que só por si, já ajudava a perceber o que se passou nesta
corrida:
TOCA
P’RÁ UNHA
Jaqueta apertada, barrete verde e a cinta
escarlate da cor do sangue e do vinho. É a galhardia a firmar o passo decidido
no redondel, mão na cintura alegrando o cite: Eh Toiro!
Brava forcadagem, que faz jus a esse
sangue luso, que nos enche o peito. Num misto de respeito e coragem, é ele, o
moço do forcado quem vai ao toiro.
Único e espectacular, de incontestável
verdade, é este país em praça, este país em raça, frente ao Toiro na arena.
Pedro Maria Gomes, João Vasco Lucas, Pedro
Miranda, Pedro Gil, Pedro Nunes, Gonçalo Patricio, Armando Nunes, Manuel
Guerreiro, João Galamba, João Pedro Mota Ferreira, Pedro Parrulas, Ricardo Lebre, Fernando
Santos Costa, Manuel Correia, João Luz, Daniel Batalha, Miguel Nunes e Rúben Ramos, alguns
nomes que rasgaram praças em aclamação. Gentes nossas que deram nome e honra à
jaqueta que os abraçou. Amadores de sempre, aficcionados de alma como raros.
Muito de vós é Portugal, o vosso Portugal,
que orgulham quando toca p’rá unha.
Nota de Redacção: Fotografias gentilmente cedidas pelo amigo Hugo Teixeira do Diário Taurino
Nota de Redacção: Fotografias gentilmente cedidas pelo amigo Hugo Teixeira do Diário Taurino
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