“Nada
é impossível para aquele que persiste”
Alexandre o Grande
Paio Pires: 2/08/2013
Cavaleiros: João Moura, António Brito
Paes, Manuel Telles Bastos
Grupo de Forcados Amadores de Lisboa
comandados por Pedro Maria Gomes
Toiros: Ganadaria Vinhas
2 de Agosto de 2013, dia que ficará
gravado na memória de todos os que presenciaram na Aldeia de Paio Pires uma
agradável noite de touros.
Para o Grupo de Forcados Amadores de
Lisboa esta corrida tinha, por várias razões, um sabor especial. Era o início
de uma intensa e dura jornada taurina como há algum tempo já não gozávamos . A
primeira de 3 corridas com 12 toiros pela frente.
Perante um curro com peso e trapio, de
exemplar apresentação, digno de uma praça de primeira categoria o nosso cabo
escolheu os elementos que na sua óptica seriam mais adequados para resolver os
problemas que os Vinhas poderiam apresentar. Um misto de forcados com experiência e nome já bem presente na Festa, prontos para qualquer situação, e uma fornada
de jovens “recrutas” com uma vontade enorme de andar para a frente, que têm
mostrado o seu valor quando lhes é dada a oportunidade de poderem envergar a
pesada tarefa de trajar a jaqueta do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.
Tentarei resumir o que assisti
naquela noite o mais simplificadamente possível, pois, os pormenores, deixo-os
para os entendidos.
Para abrir praça o nosso Cabo
escolheu o “Pisca”. Forcado jovem e com uma vontade enorme de aprender,
descendente de Um dos grandes do nosso Grupo, tem agarrado com unhas e dentes as
oportunidades que lhe têm sido dadas. Tem sofrido infelizmente algumas lesões
mas com a humildade e força com que já o conhecemos, tem sabido ultrapassar
todos os problemas e apresentar-se sempre com um sorriso de orelha a orelha.
Pegou à segunda tentativa. Continua assim Eurico tenho a certeza que tens
sempre alguém a olhar por tí, contente com as opções que fizeste na tua vida.
Nota para o Rui Gil que foi merecidamente chamado à praça resultado de uma boa
primeira ajuda. O Rui que esteve afastado durante 2 anos destas lides,
consequência de uma grave lesão interna ao tentar pegar um toiro de caras,
regressou em boa hora e tem estado a desempenhar correctamente as funções de
ajuda.
Duarte Mira lembro-me de ter estado
fardado ao teu lado na trincheira durante a corrida de Oliveira do Bairro. O
Pedro Maria alegrou esse teu dia, oferecendo-te um toiro. Foi com emoção que vi
na tua cara uma expressão de vontade e enorme desejo de agarrar a oportunidade.
Em Paio Pires a tua expressão era a mesma, foi pena a primeira tentativa, o
toiro meteu a cara no chão e quando a levantou deu um derrote fortíssimo e
inesperado não dando sequer tempo ao grupo de lá chegar. Pegou à segunda
tentativa com o toiro a ter exactamente a mesma reacção mas a pronta ajuda dos
restantes elementos e a vontade do Duarte de querer ficar na cara, fez com quem
a pega fosse consumada.
Para o terceiro toiro saltou à praça
o Varanda (atenção Varanda e não Varandas). O João tem demonstrado desde que
começou a treinar no GFAL uma facilidade enorme na arte de pegar toiros de
caras, muito se deva provavelmente também à sua magnífica preparação física.
Fez tudo desde o início ao fim “como mandam os livros”, educação a andar em praça, brinde, calma a
andar para o toiro, cruzar-se, recuar, reunião, e quando assim é o que poderia
ser difícil torna-se fácil. Não quero que, com este elogio entres em euforia e
te sintas invencível. Tiveste uma noite boa mas, lembra-te que o artista
principal é o toiro, é ele que manda. Tens muitos e seguramente bons anos pela
frente de forcado, ouve sempre com atenção o que os mais velhos e experientes
te dizem e ensinam. Desta maneira as coisas tornam-se mais fáceis. Pega
tecnicamente perfeita à primeira tentativa.
Segunda parte da corrida, e na minha
opinião, completamente diferente da primeira. Estavam prontos para sair em
praça três toiros sérios e com peso, que exigiam forcados da cara experientes e
um Grupo coeso a ajudar.
PP elegeu o João Galamba. O hastado pedia um
forcado que estivesse irrepreensível na sua cara. Como disse no início não vou
pormenorizar o que se passou, mas de uma coisa estou certo, o que assisti
durante as quatro tentativas foi um Grupo de amigos, que nunca virou a cara. Cresceu
sempre perante as dificuldades exigidas por um toiro com pata, bruto quando
metia a cara. O João saiu maltrado mas notava-se na sua cara uma manifestação
de missão comprida. São estes os toiros que nos fazem cá andar, são estes os
toiros que fazem com que olhemos uns para os outros no meio das tentativas e
vejamos na cara dos nossos irmãos o orgulho de sofrer e por vezes derramar
sangue a seu lado, são estes os toiros que fazem com que tenhamos o privilegio
de sermos os eleitos de fardar com esta Jaqueta. Não podia deixar de referenciar
o João Pedro Mota Ferreira e o Pedro Nunes. 2 Tigres que nunca viram a cara ao
perigo. Seja em praças desmontáveis ou de alvenaria. O Mota na segunda
tentativa, e mais uma vez, dá uma lição como se deve dar uma primeira ajuda sem
nunca “afogar” o forcado da cara e conseguindo-se “montar” até cá atrás. O
Nunes após o toiro deixar o grupo todo no chão e numa desesperada tentativa de
manter o João Galamba na cara do toiro sofre uma pancada violenta na cabeça que
o deixou inanimado. Após ter sido observado na ambulância pelo nosso amigo e
incansável, Dr. Jorge Machado, regressou passado pouco tempo para junto dos seus amigos na
trincheira. Só após o jantar se dirigiu ao hospital para ser devidamente
avaliado, Imagem de marca do Pedro Nunes.
Maior e mais pesado da corrida,
estampa de animal. A andar para o toiro um forcado que dispensa apresentações.
O Manuel Guerreiro é um elemento de primeira linha, um forcado seguro que
qualquer grupo gostaria de ter nas suas fileiras. Protagoniza dois pegões
magnificamente ajudado pelos restante. Só os grandes têm capacidade para tal. Sem
comentários.
Para fechar a actuação do Grupo da
Capital o nosso cabo premiou o Daniel Batalha. Para quem priva com o
“mãozinhas” conhece bem as suas aptidões físicas que deixam qualquer um de boca
aberta. Magnifico rabejador que tem deixado as praças em êxtase ao rematar as pegas,
tem também demonstrado reveladoras capacidades para a pega de caras e uma vez mais
mostrou do que é capaz quando chamado a intervir. Pegou à primeira tentativa um
toiro que saiu solto e com pata, emendando durante o caminho o facto de ter
começado a recuar cedo de mais. Foi e muito bem aconchegado pelos ajudas a um
toiro que empurrou forte até ás tábuas e que lutou para se livrar quando se
sentiu agarrado.
Foi feita durante o intervalo, justa
homenagem a João Moura pelos seus 35 anos de alternativa e pela contribuição à
festa brava em Portugal e além fronteiras. Ofereceu a organização da corrida um
ramo de flores e o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa um livro com a sua
história. Foram também e merecidamente homenageados três filhos da terra. Três
dos maiores e melhores Forcados com quem tive o prazer e a honra de me fardar,
pegar e privar. Um agradecimento especial ao António José Casaca, Luís Segão e
Nelson Lopes um exemplo de que um forcado nunca despe a sua jaqueta. A entrega
e dedicação com que montaram esta corrida, são fruto de dois anos consecutivos
de sucesso da corrida de toiros, nas comemorações das festas da Aldeia de Paio
Pires. Uma palavra de simpatia para o café/restaurante Nova Lisboa que tem
sempre as suas porta abertas, e preza constantemente a presença dos nossos
elementos.
Não podia terminar esta crónica sem
antes exprimir a felicidade que tive ao presenciar o sector da bancada que nos estava destinado,
repleto de antigas glórias, namoradas, mulheres e amigos. Obrigado por nos
acompanharem incansavelmente durante estes três dias. Sempre que consigam e que
vos seja possível juntem-se a nós. Este Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, é também o vosso! Juntos somos mais fortes.
Pedro Maria, a nossa amizade permite que
assim te trate. Aceitas-te pegar 12 toiros em três dias. Tarefa árdua e de
muita responsabilidade. Tenho a certeza que muito meditaste e ponderaste se o
havias de ter feito. Uma vez um grande General disse: “Nada é impossível para aquele que persiste”. Conheces melhor do que ninguém as tuas tropas, foste eleito porque és
um líder e um exemplo. Por trás de um grande General há sempre um grande
soldado, ficou demonstrado que estes nunca te abandonarão e que serás sempre
respeitado, que estarão sempre prontos a servir a ti, e ao Grupo de Forcados
Amadores de Lisboa.
Fernando Santos Costa
Lisboa 7 de Agosto de 2013
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