Fui á corrida a Águeda e como acontece sempre que me desloco para norte, asilei em casa do João Cardoso, vulgo “Mandachuva”, porto de abrigo da malta dos toiros que se desloca p’ra cima do Mondego.
O espumante Bairradino, correu a joros, foi tanto, que mesmo o Emílio que só bebe água, ficou transtornado com os vapores que os outros libertavam, ao ponto de Chamar sr. Borda-d’água ao Mandachuva.
Ao almoço, abancaram a um canto da mesa dossauros do grp de Lisboa, vibrantes em considerações do tipo dos velhos pescadores quando dizem : “ No meu tempo é que o mar era…!!!”
Como Dinossauro Excelentíssimo elejo sem favor o Horácio Lopes.
Com esta gente, tudo ou quase roda á volta de mestre Nuno, p’rós alguns o Barreto, saindo as histórias em catadupa, exaltando sempre o homem, o amigo, o forcado, a rebeldia, e a imagem duma Lisboa que muitos dos actuais já não conheceram, reflectindo de tudo o que dele se diz, a figura mítica que o passado consagrou e o presente reverencia.
Falando da corrida começo pelo director Alberto Bartissol que sempre bem humorado, dirigiu com acerto.
Os toiros com óptima apresentação, 3 Ruy Gonçalves e 3 de Ascensão Vaz, deram bom jogo na generalidade, proporcionando um bom espectáculo.
Bastinhas – Com duas actuações em cheio a que não faltaram os pares de bandarilhas, pôs a praça ao rubro. Não me canso de dizer que o seu toureio, que alguns teimam em discutir, dá á festa a alegria que só pode ser contestada por amargurados. No norte é rei, mas no sul, o alvoroço com os seus desempenhos é igual ou quase.
Ana Batista – Em cada ano que passa, mais solidifica o classicismo que sempre perfilhou. No primeiro toiro esteve bem, mas foi no segundo da ganadaria Ruy Gonçalves que atingiu uma qualidade superior. Toureou pela 1ª vez – e logo o toiro todo - com um cavalo novo (ferro “Lapa”), que deu a ideia de ser uma montada rodada nestas andanças.
A este cavalo não falta classe, elasticidade, habilidade, força, envolvendo estas qualidades com um temperamento ideal. Saboreei o seu toureio clássico e repousado.
Marcos Bastinhas -- Não esteve ao nível a que nos habituou. Talvez por eu ser um admirador deste toureiro, e desde sempre ter acreditado nele, sou mais exigente. Com um piso pesado e preocupado com a condução de cavalos menos rodados, não fez asneiras mas esteve menos feliz a cravar. É um bom toureiro, não tenho dúvidas, e é evidente que por morrer uma andorinha não acaba a primavera.
Grp de Lisboa – Por intermédio de M. Guerreiro, Miguel Nunes e João Galamba, resolveram a contente os problemas, destacando-se o grupo nas ajudas eficazes. M. Guerreiro = À primeira tentativa acusou o facto de ter estado afastado da actividade, por lesão. À segunda esteve bem. Miguel Nunes, dada a falta de experiencia (2 toiros pegados) emendou à segunda a primeira tentativa imperfeita. João Galamba é todo um forcado á moda antiga.
Grp de Coimbra – Pegou o primeiro toiro que lhes coube em sorte, o cabo Luís Santos, na pega mais difícil da tarde. Pena que não tivesse ficado á primeira, por culpa do voluntarismo das ajudas que acabaram por o tirar da cara. Diogo Pereira= simplesmente excelente e Nuno Afonso muito bem. Este grupo merece mais oportunidades.
Ao jantar não fui, e ainda bem. A puta da idade não perdoa.
Um abraço,
João Cortesão.
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