21 agosto 2013

Córdoba do GFA de Lisboa


É bem capaz de ser a crónica mais fácil que aqui escrevo. Antes de mais, porque tudo está bem, quando acaba bem. Depois, talvez por preguiça, porque há que trabalhar e as atenções (as minhas seguramente) já se centram em Albufeira, não vos irei maçar muito socorrendo-me da velha máxima: "uma imagem vale mais do que mil palavras".

Ainda assim, há alguns apontamentos dignos de registo, a saber:


Malveira, terra de inúmeros forcados do nosso grupo (notem que nas cortesias, apenas 2 não são da terra) e do "nosso" torero Manuel Dias Gomes;
Terra do nosso (ex)Cabo José Luís Gomes;
Terra do nosso "centro de Estágio";
Terra onde já vivemos todas as emoções possíveis, desde o triunfo ao drama e à tragédia, mas donde tiramos um saldo bastante positivo.
Corrida de Toiros com 3 cavaleiros da região, António Maria Brito Paes, Marcelo Mendes e David Gomes. Toiros da prestigiada Ganaderia Oliveiras e Irmãos e a partilha do cartel com o Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense.

Tudo começou bem, com a excelente recepção que nos foi proporcionada pela Júlia e pelo Pedro Nunes, desta forma só se pode esperar uma tarde redonda por diante, e assim foi! Um grande Olé para a Júlia e para o Nunes, muito obrigado por tudo!

Chegando à praça, e mais uma vez constatar o apoio de vários (de várias gerações) antigos elementos, mais uma recarga na moral!

Os Toiros, actor principal, deram todos bom jogo, com realce para o 3º e 5º (o melhor da corrida) da ordem. Mais que merecidas as chamadas à praça do Maioral.

Quanto a nós, foi um verdadeiro "Cordobés en Cordoba" uma vez que as três pegas foram executadas por forcados da Terra.

Para o primeiro, foi o experiente Pedro Miranda, que nos "empresta" sempre a mesma seriedade, independentemente da praça ou da corrida em causa (como poderão comprovar pelo vídeo). Achei que houve Pedro a mais para o toiro em questão, o que só por si, diz tudo.



A seguir, um forcado que é constantemente "massacrado" nas ajudas, a ter a oportunidade de pegar de caras na sua terra. Esteve muito bem e não fosse o rigor a que estamos obrigados, dir-se-ia que a pega foi concretizada à primeira tentativa, uma vez que o toiro na primeira passou-lhe ao lado e não chegou a haver reunião. Nota para a 1.ª ajuda do João Abreu (mais um forcado da terra) que foi bastante oportuna.



O 5º, que não costuma ser mau (e que desta vez foi extraordinário) fez recair a aposta no Daniel Batalha que este ano tem vindo a dar provas da sua evolução. O nosso Cabo, Pedro Maria Gomes, também sentia que se estava a chegar ao fim de uma actuação redonda e para esta pega decidiu recriar a sorte do "número" que foi protagonizada pela primeira vez (década de 60) na altura do Mestre Nuno Salvação Barreto, pelo forcado José Carlos Eusébio (Pai dos forcados José Carlos e Ricardo Eusébio).
O Daniel esteve enorme, o toiro colaborou e a prontidão das ajudas proporcionaram uma grande pega!



Para acabar este dia em beleza, a família Batalha abriu-nos as portas da sua casa para um magnífico jantar onde imperou a boa disposição. Ao Daniel e a toda a sua família, muito obrigado.



Dizia eu no princípio que não vos iria maçar muito e já vamos aqui… É altura de parar, porque já só consigo pensar na corrida que nos espera hoje pelas 22h na Praça de Albufeira!
Vamos aí com alma!

Um grande abraço,


Nuno Maria Bonneville

n.d.r. Fotografias cedidas pelo nosso amigo Carlos Ramalhinho

19 agosto 2013

Alcácer do Sal

Cascais, 14 de Agosto de 1944, tinha o nosso Grupo a 1ª apresentação oficial. Passados 69 anos de história ininterrupta, apresentámo-nos em Alcácer para pegar a 13ª corrida da época. 

Para quem anda neste meio há uns anos, sabe que Alcácer e Grupo de Lisboa sempre estiveram ligados, por isso é sempre especial quando regressamos à Praça Mestre João Núncio.

Este ano a fardação e o jantar foram na Herdade da Barrosinha e por volta das 20h já o Grupo estava concentrado para a corrida. Cá fora eram muitos os amigos, familia e antigos forcados do Grupo que não quiseram perder esta data.

Calharam-nos 3 toiros em sorteio muito diferentes entre si,tanto no comportamento como no tipo de cara.

Para abrir praça, escolhi o Eurico "Pisca". Filho de um grande forcado do Grupo, tem vindo nesta sua 1ª época a "sério" a revelar humildade, toureria e uma grande vontade em estar cada vez melhor, requisitos para se ser Forcado. Esta noite não esteve ao nível que nos tem habituado, num toiro fácil, mas que devido à sua "falta de corno" não permitia que o forcado não se dobrasse no momento da reunião e assim vinha descomposto, sendo facilmente tirado da cara, pegou à 4ªtentativa.
Eurico, como já te disse, um forcado não se faz com meia dúzia de toiros pegados, faz-se de noites como esta, por isso não desanimes e para a próxima eu sei que vais estar melhor e vais recordar esta noite como uma lição.

O nosso 2º toiro, era o mais pequeno do nosso lote, tendo também a pior cara, mas de comportamento igual ao 1º. O escolhido para a pega foi o Tita. Esteve perfeito do inicio ao fim, tendo feito uma pega tecnicamente perfeita e muito bem ajudado pelo Grupo.

Para fechar a noite do Grupo, escolhi o Manuel Guerreiro. Quem percebe o mínimo de toiros, reconhece facilmente que era um toiro diferente de todos os outros e que apresentava alguns problemas que nenhum dos outros apresentou. Na 1ª e 2ª tentativa o toiro meteu sempre mal a cara no momento da reunião e o Manel nunca se conseguiu fechar bem. Na 3ª tentativa foi uma pega muito boa, tanto do Manel como dos ajudas que entraram todos muito bem, tendo o toiro empurrado até ás tábuas e sempre com dureza.

Visto pelo número de tentativas, poder-se-ia pensar que tinha sido uma noite má, mas como referi atrás, só poderíamos ter feito melhor no 1º toiro. Parabéns a todos pois tem sido uma boa época!

Foi bonito o gesto da empresa em nos brindar com um prémio e também o brinde do Aposento da Moita, ambos pelo nosso 69º aniversário. Obrigado à dupla Ricardo Levesinho e Vasco Dotti, ao Zé Pedro Pires da Costa e restante Grupo.

Obrigado a todos os antigos que se deslocaram a Alcácer, aos Fundadores Nuno Salvação Barreto, Eduardo Salvação Barreto (esperamos que possa estar connosco para o 70º aniversário), Luís Filipe Shore, Aníbal de Albuquerque, Luís Filipe Nunes Dias e Victor Guerreiro, ao antigo Cabo José Luís Gomes e a todos os forcados que pertenceram ao Grupo.

Por último, um agradecimento especial à Familia Rodrigues, mais uma vez, toda a logistica e o jantar foram oferecidos por estes dois antigos forcados do Grupo. Muito obrigado!

Um abraço,

Pedro Maria Gomes

14 agosto 2013

Digressão a Vinhais



Digressão a Vinhais

Primeiro queria agradecer ao nosso Cabo o convite que me fez para escrever um bocadinho sobre este fim-de semana. Não estou muito habituado a estas lides das crónicas, assim como também não estou habituado a ficar na bancada, mas pelo “amasso” em Paio Pires, assim o nosso Cabo, por bem, o entendeu. De facto tem sido estranho ver cá de cima o meu grupo, mas vai dando para recuperar a 100 %.
Mas vamos ao que interessa! A digressão para a maior parte do grupo começou na sexta ao fim do dia, com direcção ao norte e com paragem num dos mais famosos restaurantes da “Inbicta”, o Capa Negra, onde servem das melhores francesinhas…
No sábado ao chegarmos a Vinhais depois de “papar-mos” muito alcatrão, deparamos com uma bonita Vila, e com óptimas instalações públicas. Uma fantástica piscina que a rapaziada não resistiu a um mergulho, seguida de uma futvolada para aquecer as unhas aos TIGRESSSSS, porque os Santos Silva nos esperavam na corrida do Blog Sortes de Gaiola do nosso amigo João Cortesão.
Já com a rapaziada pronta para a guerra seguimos para a bonita praça, recentemente inaugurada, para nós estreia absoluta neste redondel, onde repartimos cartel com o GFA das Caldas,
Para o primeiro toiro da noite o nosso Cabo escolheu o João Ricardo, que nos tem habituado à sua garra! O toiro a rondar os 488 kg arrancou-se com pata depois de bem mandado pelo João, com uma boa reunião mas com um derrote para baixo que acabou por tirá-lo da cara. Acabou por consumar à 4ª tentativa já a sesgo e com o grupo a ajudar bem, pois nas outras tentativas o João não reuniu bem mas sempre cheio de ganas.
Para o nosso segundo da noite com 490 kg, o PP mandou o Daniel Batalha (manitas), que pegou à segunda, depois de uma primeira tentativa em que o toiro não permitiu que o “Mãozinhas” se fechasse bem. O grupo ajudou bem, com uma boa primeira ajuda do Toino (António Cortesão).
Para fechar a nossa actuação, a um toiro com 420 kg, foi escolhido para a cara o João Varanda, que já soma 4 toiros esta temporada e que cada vez nos tem vindo a dar mais confiança. O João fez uma pega limpa com todos os tempos da pega correctos e com o grupo a ajudar bem.  

E assim foi a prestação do nosso Grupo, que tá a fazer uma grande temporada, graças ao esforço e empenho de todos. Tivemos depois no jantar, a agradável companhia do GFA das Caldas, onde trocamos penáltis à bruta… 
Queria agradecer a presença indispensável dos Veteranos do nosso GFAL e da Tia Manuela, que sempre que pode nos acompanha…

Um grande abraço,

Pedro Nunes

13 agosto 2013

Figueira da Foz


720 quilómetros, 48 horas, 12 toiros, 3 praças, 1 grupo. São estes os números da mais recente digressão do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, que começou em Paio Pires, passou pela Terrugem e acabou em grande na Figueira da Foz. É justamente sobre a festa na Figueira que tenho a honra de escrever. Foi no domingo, 4 de Agosto. 

A cidade estava calma e soalheira, mesmo com o furacão do Algarve nas previsões para o fim da tarde.

Ainda não eram quatro horas, já o Grupo estava reunido no hotel – para mal da sesta de alguns hóspedes – preparando-se para entrar em praça às cinco e meia com o Grupo do Aposento da Moita, Sónia Matias, Ana Baptista, Filipe Gonçalves, Marcos Bastinhas, Tiago Carreiras e Mateus Prieto. À sua espera tinham 6 toiros Varela Crujo.  

O primeiro da tarde e da recta final da digressão, com 510 quilos, deu uma boa prestação a Sónia Matias e acabou pegado à primeira tentativa pelo Cabo Pedro Maria Gomes. Estava bem aberta a praça e começava a desenhar-se com brilho o epílogo da digressão.

O terceiro da tarde, com 500 quilos, foi “vítima” do furacão do Algarve, que está a fazer uma temporada exuberante, massobreviveu para ser pegado, à primeira tentativa, pelo Daniel Batalha. Uma boa pega que deve ter feito o cavalo Xique, de Filipe Gonçalves, continuar a bater palmas já no pátio.

Depois, o quinto da tarde, o último do Grupo nesta digressão, era também o melhor e mais pesado deste lote, com 560 quilos. Foi lidado por Tiago Carreiras. Regressaria depois da corrida ao campo. Nobre e sem derrotar muito, o touro não complicou, mas depois de uma primeira tentativa com falhas, acabaria por ser bem pegado pelo Pedro Gil à segunda tentativa.

Estava assim concluída mais esta digressão do GFAL, com uma boa actuação, numa boa corrida, onde só se lamenta um Coliseu Figueirense meio cheio.

Bom, haverá melhor forma de rematar 6 toneladas de toiros do que com 6 toneladas de marisco e vinho q.b.? Não, e por isso a festa passou para a “casa” da Rosa Amélia, grande Amiga do Grupo, que proporcionou a festa que o GFAL, depois desta grande jornada, merecia. Os brindes sucediam-se e creio que era possível ouvi-los em Coimbra. Só espero que no restaurante não estivessem também alguns hóspedes do hotel, porque se alguma coisa aprendemos com esta crise que o país atravessa, é que temos de distribuir os sacrifícios. Ou não.

Uma palavra também para os muitos discursos que foram feitosmas em particular para os discursos do Cabo – queneste fim-de-semana de peso provou, uma vez mais e sem margem para dúvidas, estar à altura da missão que lhe foi confiada  dos Veteranos – que confirmaram com a sua grande experiência o bom momento que o Grupo atravessa – e para o discurso da Rosa Amélia – que trouxe um parte da história do GFAL para a mesa, lembrando emocionada a amizade que a une ao Grupo e que deve ao Seu Aníbal.



E foi assim na Figueira da Foz. Espero ter conseguido transmitir o ambiente que lá se viveu, embora deva confessar a enorme dificuldade que senti, pois há momentos em que à pergunta “como foi?”, só nos ocorre dizer “foi lindo”, pois nem sabemos por onde começar, se pela boa corrida, pelas boas pegas, pela grande festa ou pela celebração da união, da amizade e da entrega que se vê no Grupo. Enfim, foi lindo.

Mas agora, e para terminar, deixemo-nos de pieguices, porque este Grupo, depois de 720 quilómetros, 48 horas e 12 toiros,numa altura em que só devia pensar em cerveja e massagens, como as vacas Wagyu , já estava com a cabeça em Vinhais, no fim-de-semana seguinte, corrida cuja crónica só aguarda a publicação desta. E à hora a que escrevo, já as atenções se viram para Alcácer do Sal, onde o grupo celebra o seu 69.º aniversário. São umas atrás das outras. Nem dá para se fazer uma crónica sossegado. Já nem sei sobre que corrida era a minha crónica.

Parabéns ao GFAL. Muita sorte.  

Zé Pedro Silva

11 agosto 2013

Terrugem



Terrugem, 3 de Agosto de 2013

Desta vez é bem mais fácil escrever um apontamento sobre a prestação do nosso Grupo, em primeiro lugar porque esteve irrepreensivel, das ajudas aos caras, passando pelo rabejador. Em segundo lugar, porque infelizmente, por lesão de um touro durante a lide, só tivemos oportunidade de pegar dois touros, o que me facilita a vida na escrita! 

Já não pegávamos na bonita Terrugem Alentejana há já alguns anos, facto que, juntamente com a ganadaria que enfrentaríamos, Charrua, actualmente representada pelo nosso amigo Gustavo Charrua, neto do fundador, Sr. António Charrua, nos aumentava a responsabilidade.

Para tal empresa o Cabo Pedro Maria optou por forcados mais experientes, de forma a não deixar escapar o triunfo e a segurança da actuação, assim foi, não vou, nem consigo individualizar as pegas, por ambas terem sido muito iguais, muito por culpa dos touros e dos forcados, tanto o primeiro, pegado à primeira pelo João Luz, como o segundo, também pegado à primeira, pelo Manuel Guerreiro (que fazia a dobradinha) após a correctissima reunião de ambos, João Luz e Manuel Guerreiro, viajaram com a cara por baixo, tirando brilho, mas nunca mérito à pega, quando as coisas são bem feitas parecem fáceis, aos olhos do espectador mais distraído ou menos exigente, puro engano, o mérito em fazer tudo perfeito retira muitas vezes brilho, são as pegas para os aficionados. Pena que os touros não tenham transmitido um pouquinho mais, tinha sido o ideal.
Os ajudas, todos, e os rabejadores entraram na hora para consumar duas bonitas pegas, que ficam para a história da nossa passagem, esperando que seja a primeira de muitas, pela Terrugem.

No que toca aos cavaleiros não posso deixar de destacar a actuação do Filipe Gonçalves, mais uma de muitas que felizmente está a ter esta temporada. Correctos e discretos estiveram os seus alternantes, Mia Brito Paes, a quem tocou o infortúnio da lesão do seu segundo touro, tendo deixado a lide a meio e Tiago Carreiras, francamente bem no seu primeiro.

Alternámos com os Amadores de São Manços, que vieram a ganhar o troféu da melhor pega, com uma excelente pega ao touro com mais emoção. Realço a nobreza e simpatia do gesto deste Grupo que, ao ver que o touro do Grupo de Lisboa se lesionara e que não haveria sobrero, que pegaríamos apenas dois touros, convidou gentilmente alguns elementos do GFAL, após brinde, para partilhar a pega do seu último. Bonito gesto que agradeço enquanto aficionado.

Uma nota final sobre a corrida, sobre um touro, o terceiro da corrida, um colorado, "Coelho Capaz", incansável, repetidor, fixo, emotivo, resumidamente, tudo aquilo que procuramos, ganadeiros e aficionados, bravo!

Ao cair do pano um agradecimento à Carmen, Concha e restante família, onde já incluo, como "gaiato mais novo", o nosso Mota Ferreira, pela recepção, repasto e habitual simpatia. É um prazer conviver desta maneira, se não tivessemos corrida no dia seguinte, os rebujitos tinham caído de outra forma!

Íamos na segunda de três...a poucas horas do marisco da Rosa Amélia...mas isso são contas de outro rosário!
Um abraço amigo!

Bernardo Salgueiro Patinhas

07 agosto 2013

Corrida de Paio Pires

“Nada é impossível para aquele que persiste”

                                                                                      Alexandre o Grande



Paio Pires: 2/08/2013
Cavaleiros: João Moura, António Brito Paes, Manuel Telles Bastos
Grupo de Forcados Amadores de Lisboa comandados por Pedro Maria Gomes
Toiros: Ganadaria Vinhas





2 de Agosto de 2013, dia que ficará gravado na memória de todos os que presenciaram na Aldeia de Paio Pires uma agradável noite de touros.

Para o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa esta corrida tinha, por várias razões, um sabor especial. Era o início de uma intensa e dura jornada taurina como há algum tempo já não gozávamos . A primeira de 3 corridas com 12 toiros pela frente.

Perante um curro com peso e trapio, de exemplar apresentação, digno de uma praça de primeira categoria o nosso cabo escolheu os elementos que na sua óptica seriam mais adequados para resolver os problemas que os Vinhas poderiam apresentar. Um misto de forcados com experiência e nome já bem presente na Festa, prontos para qualquer situação, e uma fornada de jovens “recrutas” com uma vontade enorme de andar para a frente, que têm mostrado o seu valor quando lhes é dada a oportunidade de poderem envergar a pesada tarefa de trajar a jaqueta do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.

Tentarei resumir o que assisti naquela noite o mais simplificadamente possível, pois, os pormenores, deixo-os para os entendidos.

Para abrir praça o nosso Cabo escolheu o “Pisca”. Forcado jovem e com uma vontade enorme de aprender, descendente de Um dos grandes do nosso Grupo, tem agarrado com unhas e dentes as oportunidades que lhe têm sido dadas. Tem sofrido infelizmente algumas lesões mas com a humildade e força com que já o conhecemos, tem sabido ultrapassar todos os problemas e apresentar-se sempre com um sorriso de orelha a orelha. Pegou à segunda tentativa. Continua assim Eurico tenho a certeza que tens sempre alguém a olhar por tí, contente com as opções que fizeste na tua vida. Nota para o Rui Gil que foi merecidamente chamado à praça resultado de uma boa primeira ajuda. O Rui que esteve afastado durante 2 anos destas lides, consequência de uma grave lesão interna ao tentar pegar um toiro de caras, regressou em boa hora e tem estado a desempenhar correctamente as funções de ajuda.

Duarte Mira lembro-me de ter estado fardado ao teu lado na trincheira durante a corrida de Oliveira do Bairro. O Pedro Maria alegrou esse teu dia, oferecendo-te um toiro. Foi com emoção que vi na tua cara uma expressão de vontade e enorme desejo de agarrar a oportunidade. Em Paio Pires a tua expressão era a mesma, foi pena a primeira tentativa, o toiro meteu a cara no chão e quando a levantou deu um derrote fortíssimo e inesperado não dando sequer tempo ao grupo de lá chegar. Pegou à segunda tentativa com o toiro a ter exactamente a mesma reacção mas a pronta ajuda dos restantes elementos e a vontade do Duarte de querer ficar na cara, fez com quem a pega fosse consumada.

Para o terceiro toiro saltou à praça o Varanda (atenção Varanda e não Varandas). O João tem demonstrado desde que começou a treinar no GFAL uma facilidade enorme na arte de pegar toiros de caras, muito se deva provavelmente também à sua magnífica preparação física. Fez tudo desde o início ao fim “como mandam os livros”,  educação a andar em praça, brinde, calma a andar para o toiro, cruzar-se, recuar, reunião, e quando assim é o que poderia ser difícil torna-se fácil. Não quero que, com este elogio entres em euforia e te sintas invencível. Tiveste uma noite boa mas, lembra-te que o artista principal é o toiro, é ele que manda. Tens muitos e seguramente bons anos pela frente de forcado, ouve sempre com atenção o que os mais velhos e experientes te dizem e ensinam. Desta maneira as coisas tornam-se mais fáceis. Pega tecnicamente perfeita à primeira tentativa.

Segunda parte da corrida, e na minha opinião, completamente diferente da primeira. Estavam prontos para sair em praça três toiros sérios e com peso, que exigiam forcados da cara experientes e um Grupo coeso a ajudar.

 PP elegeu o João Galamba. O hastado pedia um forcado que estivesse irrepreensível na sua cara. Como disse no início não vou pormenorizar o que se passou, mas de uma coisa estou certo, o que assisti durante as quatro tentativas foi um Grupo de amigos, que nunca virou a cara. Cresceu sempre perante as dificuldades exigidas por um toiro com pata, bruto quando metia a cara. O João saiu maltrado mas notava-se na sua cara uma manifestação de missão comprida. São estes os toiros que nos fazem cá andar, são estes os toiros que fazem com que olhemos uns para os outros no meio das tentativas e vejamos na cara dos nossos irmãos o orgulho de sofrer e por vezes derramar sangue a seu lado, são estes os toiros que fazem com que tenhamos o privilegio de sermos os eleitos de fardar com esta Jaqueta. Não podia deixar de referenciar o João Pedro Mota Ferreira e o Pedro Nunes. 2 Tigres que nunca viram a cara ao perigo. Seja em praças desmontáveis ou de alvenaria. O Mota na segunda tentativa, e mais uma vez, dá uma lição como se deve dar uma primeira ajuda sem nunca “afogar” o forcado da cara e conseguindo-se “montar” até cá atrás. O Nunes após o toiro deixar o grupo todo no chão e numa desesperada tentativa de manter o João Galamba na cara do toiro sofre uma pancada violenta na cabeça que o deixou inanimado. Após ter sido observado na ambulância pelo nosso amigo e incansável, Dr. Jorge Machado, regressou passado pouco tempo para junto dos seus amigos na trincheira. Só após o jantar se dirigiu ao hospital para ser devidamente avaliado, Imagem de marca do Pedro Nunes.

Maior e mais pesado da corrida, estampa de animal. A andar para o toiro um forcado que dispensa apresentações. O Manuel Guerreiro é um elemento de primeira linha, um forcado seguro que qualquer grupo gostaria de ter nas suas fileiras. Protagoniza dois pegões magnificamente ajudado pelos restante. Só os grandes têm capacidade para tal. Sem comentários.

Para fechar a actuação do Grupo da Capital o nosso cabo premiou o Daniel Batalha. Para quem priva com o “mãozinhas” conhece bem as suas aptidões físicas que deixam qualquer um de boca aberta. Magnifico rabejador que tem deixado as praças em êxtase ao rematar as pegas, tem também demonstrado reveladoras capacidades para a pega de caras e uma vez mais mostrou do que é capaz quando chamado a intervir. Pegou à primeira tentativa um toiro que saiu solto e com pata, emendando durante o caminho o facto de ter começado a recuar cedo de mais. Foi e muito bem aconchegado pelos ajudas a um toiro que empurrou forte até ás tábuas e que lutou para se livrar quando se sentiu agarrado.


Foi feita durante o intervalo, justa homenagem a João Moura pelos seus 35 anos de alternativa e pela contribuição à festa brava em Portugal e além fronteiras. Ofereceu a organização da corrida um ramo de flores e o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa um livro com a sua história. Foram também e merecidamente homenageados três filhos da terra. Três dos maiores e melhores Forcados com quem tive o prazer e a honra de me fardar, pegar e privar. Um agradecimento especial ao António José Casaca, Luís Segão e Nelson Lopes um exemplo de que um forcado nunca despe a sua jaqueta. A entrega e dedicação com que montaram esta corrida, são fruto de dois anos consecutivos de sucesso da corrida de toiros, nas comemorações das festas da Aldeia de Paio Pires. Uma palavra de simpatia para o café/restaurante Nova Lisboa que tem sempre as suas porta abertas, e preza constantemente a presença dos nossos elementos.


Não podia terminar esta crónica sem antes exprimir a felicidade que tive ao presenciar o  sector da bancada que nos estava destinado, repleto de antigas glórias, namoradas, mulheres e amigos. Obrigado por nos acompanharem incansavelmente durante estes três dias. Sempre que consigam e que vos seja possível juntem-se a nós. Este Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, é também o vosso! Juntos somos mais fortes.

Pedro Maria, a nossa amizade permite que assim te trate. Aceitas-te pegar 12 toiros em três dias. Tarefa árdua e de muita responsabilidade. Tenho a certeza que muito meditaste e ponderaste se o havias de ter feito. Uma vez um grande General disse: “Nada é impossível para aquele que persiste”. Conheces melhor do que ninguém as tuas tropas, foste eleito porque és um líder e um exemplo. Por trás de um grande General há sempre um grande soldado, ficou demonstrado que estes nunca te abandonarão e que serás sempre respeitado, que estarão sempre prontos a servir a ti, e ao Grupo de Forcados Amadores de Lisboa.



Fernando Santos Costa
Lisboa 7 de Agosto de 2013