18 setembro 2009

1ª Corrida da Feira da Moita




Desta vez coube-me a mim fazer a crónica da corrida, a pedido do futuro cabo e com o cabo actual a ordenar, “ …então, claro que tem que fazer a crónica, é só vir aqui para levar bilhete e comer, olha, olha…!?”

É a primeira fez que escrevo no blog do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa. De facto eu não queria fazer a crónica, não tinha vontade, não me apetecia, tenho andado um pouco arredado do grupo e há muita gente nova que eu não conheço.

Tenho amigos noutros Grupos de forcados e gosto de outros Grupos de Forcados, mas optei por um Grupo de 1ª Linha, os Amadores de Lisboa, que conta com 65 anos ininterruptos e é o 3º mais antigo de Portugal, mesmo que passe por momentos menos bons, é sempre o meu Grupo de Lisboa, um grupo com um historial imenso e invejável, onde passaram forcados dos melhores de todos os tempos.
Mas o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, não deixa nem nunca deixou de ser o meu Grupo, e se por acaso houve dúvidas da parte de alguém, é porque se calhar não me conhece ou nunca envergou a jaqueta como eu enverguei, não foi nenhuma eternidade, foi o tempo que foi, e esse tempo foi aproveitado dentro e fora da praça, com a maior dignidade, empenho, respeito, suado e até sangrado, não troquei, não troco, e nunca trocarei o Grupo de Lisboa por outro, foi aqui que o Mestre Nuno da Salvação Barreto e o restante grupo me aceitou, foi a mando dele que eu peguei o meu 1º e 2º toiro, é um privilégio e um grande orgulho que muitos não tiveram, foi aqui que aprendi a estar diante de um toiro, foi aqui que me fiz forcado, foi aqui que me deram a importância de estar e saber estar, diante de um toiro e foi aqui que eu fiz aquilo que queria, ser forcado.
Esta pequena introdução é porque algumas das pessoas que estiveram presentes no Sobral e na Moita e que eu considero e gosto, às vezes fazem questão de me irritar, só enfia o barrete a quem lhe servir, enfim adiante.
O Grupo foi convidado a pegar a 1ª Corrida da Feira da Moita, corrida com seis Cavaleiros e Toiros de Mª Guiomar Cortes Moura, compunham o cartel os Amadores da Moita.O nosso querido amigo Bernardo Rosa (Balé), pôs a casa à disposição do Grupo, para ai se fardarem, desde já um bem-haja e obrigado pela disponibilidade e amabilidade com que o grupo foi recebido.
Para o primeiro da tarde, um toiro da Ganadaria de Paulo Caetano, grande e bem rematado com 590kg de peso e toureado por Joaquim Bastinhas, foi chamado o (mauzão) Francisco Mira, o Mira está de facto a passar por um momento extraordinário de confiança e de entender o toiro, dá gosto vê-lo a citar, caminhou para o toiro sereno com o seu cite toureiro, (não sei onde aprendeu) mostrou-se, carregou duas vezes e o toiro saiu, meteu-lhe a cara e despachou-o para as alturas tirando-lhe a cara. Na segunda tentativa foi igual e o grupo fechou, mas não com a convicção necessária, com o toiro já parado o grupo confiou em demasia, o toiro tirou a cara para baixo e grupo ficou todo no chão. Na terceira tentativa não lhe deram hipóteses e consumaram a pega com vontade e valentia.
O segundo da ordem foi um toiro de Guiomar Cortes Moura com 500kg, lidado por Luís Rouxinol, foi para a cara o forcado que só não se faz velho dentro da praça (e também não é tão chato e rezingão, mas é a idade), o actual cabo dos Amadores de Lisboa, José Luís Gomes, o nosso cabo (sim também foi meu cabo) fez aquilo que muitos já não conseguem, que é pôr-se diante de um toiro, com uma postura de 20 anos atrás e bater-lhe as palmas, com o seu andar peculiar mostrou-se ao toiro e mandou, o toiro saiu pronto e o Zé Luís fechou-se com alma, o toiro ainda foi amigo e fugiu ao grupo, assim o forcado da cara teve mais tempo de brilho (como ele gosta), consumou uma bonita pega à primeira tentativa. Eu acho que a pega foi assim, pois no momento da reunião eu tinha uma pessoa à minha frente que se levantou e dizia… “ ajudem…, aas, ajudas…, ajudem”, Manuel Francisco de seu nome.
Fechou praça o nosso querido Pedro Maria Gomes (PP), o toiro era também Maria Guiomar Cortes Moura e acusou o peso de 473 kg, foi lidado pelo joão Telles Jr., vai melhorando de dia para dia, pois desde a última pega que fez em Albufeira, vai mostrando mais confiança, e ganhando mais sítio, foi o que me transmitiu pela maneira correcta e serena que brindou a pega, não vacilando quando atravessou a arena e pareceu que o toiro ia pelo grupo, há pormenores que fazem a diferença. Fez um cite confiante carregou na hora certa e o toiro saiu pronto, fechou-se com decisão à primeira tentativa.PP já te disse isto uma vez, mas nunca é demais, “aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes.”
O jantar foi na Casa da Enguias, como sempre fomos bem recebidos e servidos, a sangria branca é de chorar por mais, houve discursos e o nosso cabo sempre a bater na mesma tecla, que as ajudas não estiveram bem. Não prolongámos mais a noite porque no dia a seguir era dia de trabalho, mas bem apetecia e íamos encarrilados. Entre familiares e amigos dos forcados esteve também presente o Marco Caneira e família, que pela sua maneira espectacular de estar entre nós, também já fazem parte desta família que é O GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE LISBOA.
Não somos melhores nem piores que outros, somos é o GRUPO DE LISBOA.

Carlos Ramalhinho

4 comentários:

Francisco Mendonça Mira disse...

Não sei se foi de tanto não quereres escrever a crónica, se do que foi, mas foi das mais bonitas que li!!!!

Grande abraço para ti Carlos Ramalhinho

Anónimo disse...

É nestes pormenores que sevê um grupo, neste caso um GRANDE DE GRUPO... o de Lisboa!

Parabnês pela crónica, e ao grupo por mais esta corrida

Abrço forte

Ricardo Caraças

Anónimo disse...

Um abraço Ramalhinho

Porno

Anónimo disse...

Ramanlhinho,
Boa crónica, quem não foi ver a corrida como eu, consegui lendo, ver o que se passou nessa corrida (no que diz respeito às pegas).
Afinal sempre te ensinei alguma coisa....
Parabéns ao Grupo e há honestidade e sensibilidade que caracterizam o Ramalhinho nas suas crónicas.
Um abraço de amizade para o GFAL,
José F. Potier