04 julho 2013

Corrida de 6 Toiros em Sanguinheira



As primeiras palavras são de agradecimento ao convite e confiança do nosso Cabo para a ingrata tarefa de relatar, em jeito de crónica, mais uma corrida do GFAL.

Quis a Providência, em primeiro e a organização do festejo, em segundo, que no passado domingo, dia 30 de Junho, nos deslocássemos a Sanguinheira, Concelho de Cantanhede, volvidas apenas 43 horas do anterior compromisso, em Pêro Pinheiro, para a nossa primeira corrida de 6 toiros da temporada.

Responsabilidade acrescida e motivação extra eram as palavras de ordem. Corrida do Sr. Higino Sobral da Rocha, a quem estamos gratos pela receção e amizade.

Para tourear estavam anunciados Ana Batista, Alberto Conde e Manuel Teles Bastos, destacou-se o segundo, numa corrida harmónica, com peso e trapío ajustados à praça portátil, à excepção do terceiro e quarto, touros com mais peso, mais bastos e sérios, um pouco fora do tipo e do comportamento dos restantes irmãos de camada.

Os toiros cumpriram no geral, deixando-se tourear e não comprometendo nas pegas, realço o segundo da tarde, mais voluntarioso e com maior transmissão, o quarto saiu reservado, parado e defendendo-se. Pena o estado da arena, demasiado pesado e com verdadeiras crateras, situação que poderá ter contribuído para que o êxito não fosse maior.

Para o primeiro toiro, uma estreia, à primeira. O Cabo escolheu o jovem forcado Duarte Mira, boa recompensa para todo o seu empenho durante os treinos. O Duarte esteve muito calmo e sereno, andou, citou e carregou, não reuniu na perfeição, por inexperiência aliada ao mau estado do piso, no entanto a vontade falou mais alto e fechou-se com determinação para não mais sair, embora o touro não tenha dificultado, o grupo entrou rápido a ajudar um toiro que viajou com a cabeça e forcado pelo alto. Está de parabéns o Duarte e que tenha sido presságio para um percurso com muitos sucessos.

O segundo touro coube ao João Varanda de Carvalho, forcado também jovem e no começo destas andanças, demonstrou igualmente muita tranquilidade, cumpriu os cânones da pega, e apenas a reunião, à semelhança da pega anterior, não é perfeita pelo estado do piso, facto que não impediu que se consumasse à primeira, por muito querer do João e célere recuperação do primeira ajuda Rui Gil, também com o touro viajando por alto e ajudado eficazmente por todo o grupo.

Ao terceiro da tarde, toiro maior, com mais presença, foi o forcado António Cortesão, nessa tarde a “jogar em casa” uma vez que é da região. O António não sendo propriamente um principiante e talvez por “influências asiáticas” do seu ano académico, esqueceu-se um pouco das maneiras nesta pega, não falo na eficácia, mas na maneira de pegar. Uma vez forcados, somo-lo até quando estamos a dormir, e então em praça devemos abusar desse estatuto. 
O António fez uma boa pega à segunda, com uma reunião rápida e fechando-se, enrolado, na cara do toiro, mas tem de treinar mais o cite. A elegância, a arte e até a vaidade devem fazer parte da nossa farda, andar para um touro não pode ser o mesmo do que ir ao café Toino! 
Na primeira tentativa o António recebe bem o toiro, faz uma viagem sem derrotes até às tábuas, onde bate e sai com violência, por falta de uma mãozinha dos ajudas que neste touro, quiçá por se diferenciar dos três primeiros, tenha provocado mais temor, no entanto devemos crescer à medida que cresce o toiro e aí sairemos sempre por cima.

O quarto da tarde era reservado, parado e a defender-se, prevendo-se um toiro a sair com maldade, mas quando há forcados a estarem bem, essa maldade esfuma-se depressa. Neste toiro o Cabo escolheu o João Luz, forcado com mais tarimba, para um touro que pedia tarimba. O João esteve muito bem, consciente e fez o que se deve fazer, poucas veleidades, poucas vantagens e muita decisão, reunião perfeita, bem fechado e superiormente ajudado pelo grupo, que depois da pega anterior ter falhado na primeira tentativa, se redimiu agora, pondo “toda a carne no assador.” 
Destaco a eficácia e voluntarismo do Armando Nunes na primeira ajuda, de nota e com direito a chamada, justa, para agradecimento. O Armando que na ajuda ao António Cortesão esteve menos bem, tentando ajudar “rodando o pitón”, nesta pega deu o peito ao toiro e ao forcado, recuou e fechou-se com técnica e mando, assim as coisas muito dificilmente não resultam. Pega dura à primeira e muito bem ajudada por todos.

Para a pega do quinto, o Cabo designou o João Mendes Pereira. Esteve muito correto desde o cite ao final da pega, o touro sai-lhe solto, o que pela pouca experiência poderia tê-lo surpreendido, coisa que felizmente não aconteceu, o João não se descompôs, aguentou a investida, recuou na medida e fechou-se à primeira, mais uma vez bem ajudado pelo grupo.

O saldo ia mais que positivos, 4 toiros à primeira e um à segunda,

Para epílogo nesta tarde de toiros foi indigitado o Martim Cosme Lopes, que apenas 43 horas antes havia feito uma bela pega em Pêro Pinheiro. 
O Martim é um forcado muito novo, mesmo muito novo e como tal com uma grande margem de progressão, pelo menos assim se espera.
Nesta pega, a um toiro sem dificuldades, o Martim não se conseguiu encontrar, é normal num forcado jovem, não é motivo de preocupação, o traquejo vai-se fazendo com o passar dos anos. As coisas não se resolvem com pressas mas sim devagar e quando não resultam à primeira tentativa, como foi o caso, temos de refletir o que de errado fizemos para corrigir logo na tentativa seguinte. 
O piso estava muito mau, é certo e ninguém duvida, então devemos adaptar-nos o mais possível a essa circunstância, recuando em bicos dos pés e sem brusquidão. Nas duas primeiras tentativas o Martim afogou demasiado o touro e não conseguiu sacar-se a tempo, desequilibrando-se e caindo-lhe na cara. Se tivesse consentido mais o toiro, deixá-lo vir de mais longe, recuando miudinho e nos bicos dos pés, a pega tinha sido consumada à primeira, assim apenas à terceira se fechou, com pouco brilho mas com uma vontade emergente do Martim, que nunca desmoralizou. 
Martim, a pega não é um conceito fechado, cada toiro tem a sua pega. Como disse, não é preocupante, está apenas a começar.
O recuar nos bicos dos pés deve aplicar-se sempre e por todos os forcados de cara, pode influenciar uma pega, mais ainda quando os terrenos estão impraticáveis e isso viu-se, afortunadamente sem consequências, em algumas das nossas intervenções.

O Cabo apostou e muito bem no futuro do Grupo, dando-lhes sítio e pondo-os à prova, à chamada todos disseram presente, uma palavra especial para o menos jovem Nuno Maria Bonneville que, de entre uma boa actuação, no cômputo geral, dos demais ajudas e sem desprimor para ninguém, esteve, durante toda a tarde, no lugar certo.

Foi um domingo bem passado, teria sido melhor se o sistema anti-poluição da viatura do Bonne não nos tivesse privado de um bom leitão à moda da Bairrada! Mas enfim, é mais uma história que fica para contar…faz parte da Festa.

Oxalá que não escreva mais crónicas das nossas corridas…é sinal que voltei a estar fardado ao vosso/nosso lado!

Venham as próximas e que sejam, pelo menos, iguais a esta!


Bernardo Salgueiro Patinhas

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